Maçãs Podres, Idiotas ou Míopes?

Acabo de ler um artigo de Robert Sutton publicado dia 26/10/11 no Jornal Valor Econômico (página B6) e confesso que escrevo este post movida mais pela indignação do que pela vontade de compartilhar o que li. De qualquer maneira,  como acredito que até pelo avesso é possível aprender aqui estou.

O primeiro parágrafo do artigo intitulado, “Maçã podre pode destruir o ambiente de trabalho”, foi o que me fez ter vontade de lê-lo até o fim. “Os funcionários esforçados costumam receber um monte de atenção dos patrões. Mas as maçãs podres deveriam merecer ainda mais.

Acredito nessa afirmação e concordo que é preciso olhar com atenção para aqueles funcionários com comportamentos e atitudes que não correspondem ao perfil da empresa e do departamento que trabalham.  Esses funcionários que o autor chama de ‘maças podres’. Todavia, meu pensamento caminha na direção de questionar esse funcionário quanto as suas expectativas, planos e objetivos dentro da empresa. E investigar se existe uma congruência entre os perfis dele, do departamento e  da

empresa, porque as vezes o desencontro de valores é tão grande que o melhor a fazer é reconhecer isso e pensar numa estratégia de mudança (quando for possível) ou na melhor maneira de lidar com isso.

Muito mais do que o artigo tentar mostrar dizendo que, “os maus funcionários distraem e arrastam para baixo toda a equipe e seus comportamentos destrutivos, tais como a preguiça, a raiva e a incompetência, são muito contagiosos”,  penso que cada empresa precisa ter claro o que é um mau funcionário pra ela, o que ela quer e espera desses funcionários e se eles ocupam uma posição que se enquadre nessas metas e expectativas. É claro que maus funcionários existem e honestamente sempre existirão, assim com o existem maus médicos, maus professores, maus prestadores de serviços, enfim, não adianta tentar eliminar tudo que é mau, porque não há só o que é bom, mas é preciso saber perceber, ouvir e enxergar quando as atitudes dos funcionários estão minando o território corporativo e elaborar uma estratégia que descontrua essas atitudes e os pensamentos gerados com ela.

Outra coisa que sempre existirá é a insatisfação tanto dos funcionários como dos gestores. Ou há alguém lendo este post que é totalmente satisfeito com o que tem, com seu trabalho, seu chefe, sua empresa? Saber lidar com as insatisfações, ou pelo menos possibilitar um espaço pra se pensar e discutir sobre elas talvez seja um passo que enfraqueça algumas das atitudes tidas como destrutivas e ameaçadoras. Afinal, quantos funcionários darão crédito àquele outro que só reclama e cobra o impossível?

Todavia, o autor do artigo aposta numa “seleção mais inteligente” e num ambiente menos tolerante as “maças podres”, como nos mostra os trechos abaixo:

Um experimento de Felps  descobriu que ter apenas um idiota ou preguiçoso no grupo pode fazer o desempenho geral cair de 30% a 40%. Como podem as organizações se livrar dessas influências negativas? A maneira mais fácil, obviamente, é evitar a contratação de maçãs podres em primeiro lugar…

“Além de uma seleção inteligente, é importante desenvolver uma cultura que não tolera idiotas.”

“Considere Robert W. Baird & Co., uma firma de serviços financeiros que acumula elogios como ótimo lugar para trabalhar. A empresa é séria sobre a criação de uma cultura onde o desrespeito e o egoísmo são inaceitáveis. Eles chamam isso de ‘regra contra idiotas’.  A empresa começa dar dicas sobre a política durante o processo de contratação … ‘Durante a entrevista, olho nos olhos do candidato e digo: ‘Se eu descobrir que você é um idiota, vou demiti-lo … a maioria dos candidatos não se perturba com isso, mas de vez em quando um empalidece e nunca volto a vê-los, eles encontram algum motivo para desistir da vaga.’”

Esses trechos particularmente me irritaram, em especial pelas nomeações dadas aos funcionários: “idiota, preguiçoso” e me fazem questionar se uma empresa que pensa e se reporta aos seus funcionários dessa maneira, conseguem escapar da contratação de perfis assim. Afinal, você tem interesse em trabalhar com um gestor que já na entrevista te trata como um idiota? Por que ao dizer “se eu descobrir que você é um idiota, vou demiti-lo” já traz um pedido implícito de por favor não me de provas de sua idiotice,  saiba disfarçar muito bem essa sua imperfeição, porque nesta empresa só é admissível o perfeito.

Terminei minha leitura me perguntando por quanto tempo mais as empresas ainda buscarão funcionários perfeitos, quase robóticos que não erram, que não questionem, que não queiram mais, se tudo que elas encontram e encontrarão são funcionários humanos, imperfeitos, insatisfeitos, que pensam e por isso questionam, e que sempre, sempre quererão mais. Na minha opinião esse desencontro sim está sendo o causador de um território cada vez mais minado dentro das empresas, basta cada uma delas olhar atentamente para o números de absenteísmo, de licenças, de adoecimento, entre outros.

Melhor do que construir uma “cultura que não tolera idiotas” é desconstruir essa maneira míope de olhar e lidar com nossos funcionários.

Abraços,

Juliana Meyer Luzio

Sobre Eduardo Luzio

Economista pela USP (88) e PhD pela PhD University of Illinois (93). Consultor em finanças corporativas e estratégia. Professor de finanças na FEA-USP, FGV -SP e Insper.

4 Respostas para “Maçãs Podres, Idiotas ou Míopes?”

  1. Olá!! Defininitivamente hj sei q as pessoas estão cada vez mais à procura de, acima de tudo se sentirem bem com o q fazem e se sujeitarem a esse tipo de entrevista não vai agregar nada na vida de ninguém. Seres humanos imperfeitos com certeza, agora, escravos da insatisfação profissional jamais, com o aumento da quantidade de formadores de opinião formadora de opinião no mundo das oportunidades, onde tem cada vez mais espaço no mercado as pessoas q conhecem e valorizam as pessoas, o sujeito q escreve, chama ou se refere a alguem como idiota, definitivamente não conhece o significado da palavra IDIOTA, que vem de pequena idéia q Mts vezes são as grades soluções das grandes corporações! Alam Brandão

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  2. Pela minha experiência na vida corporativa sempre percebi quando os chamados chefes queriam eliminar os chamados maças podres. É sempre muito mais fácil substituir do que treinar, ensinar, orientar, elogiar e estimular. Além do resultado vir mais rápido, eles podem “ficar bem na fita”.

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  3. andre szczepan grodecki ratuszny Responder 4 de Fevereiro de 2013 às 4:56 PM

    acheiiiiiiiii

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